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sexta-feira, 16 de maio de 2014

Desabafo de um Profeta.



DEUS X RELIGIÃO
Por
Mario Marcos


            Desde a infância luto incessantemente com minhas dúvidas a respeito da existência ou não de Deus.  E nesta busca para responder a essa pergunta, encontrei respostas muito pessoais e cada um deve tirar a sua própria conclusão, mas neste estudo nada cientifico, outra questão me incomodou. O fato de existirem tantas religiões e diferentes credos, até mesmo divisões dentro delas, e o mundo continuar a ser tão carente de paz e amor, me fez questionar a necessidade de termos essas religiões. A conclusão que cheguei é que em verdade, elas são o câncer da sociedade, alimentando rivalidades, guerras, desunião, instigando os fiéis a lutar por mais afiliações a esta ou aquela religião; sempre com o mote da evangelização.
            Desde muito pequeno, fui e sou muito questionador e critico, e simplesmente não me satisfaz apenas ouvir e aceitar o que dizem, sempre há um por que a ser respondido, sempre haverá uma pergunta a ser feita. Assim me pergunto por que o Padre ou Pastor ou Rabino, ou qualquer outro líder espiritual pode me dizer o que fazer da minha vida, será que Deus tem ouvidos apenas para esses iluminados?  Têm-se um só Deus, porque a mensagem é diferente para Cristãos, Judeus e Muçulmanos?  A conclusão parece óbvia.  As mensagens que eles transmitem são mensagens deles e não de Deus, daí tanta divergência. Descobri que devemos buscar nossas próprias respostas, perguntar diretamente a Deus que reside em seu coração e é único, onipresente, onisciente em você irmão.  Não há necessidade de rituais, de regras, de orações decoradas, apenas diga com a voz do coração, e a resposta será imediata, personalizada e única. Não me chame de herege, mas perdi a fé.
            Perdi a fé em um Deus que só realiza “o milagre” se eu tiver fé, perdi a fé em um Deus que só ouve “os escolhidos”, perdi a fé em um Deus que a qualquer deslize meu quer me fulminar, perdi a fé em um Deus que faz acepção de pessoas, ou não pregamos: “Então vereis outra vez a diferença entre o que serve a Deus e o que não serve”? Esta diferença está no meu agir não no tanto que serei beneficiado. Desculpem-me pelo desabafo, mas ganhei uma nova fé, fé em um Deus que celebra a vida, que me ama e que independe do que eu faça para me amar.
            Em minha experiência cristã, deparei-me com uma triste constatação:nem sempre Deus é um elemento relevante, impulsionador e libertador da pessoa. Ao contrário, ao redor de sua imagem se acumulam medos, terrores e cargas morais, repressões ou reduções vitais. Não, Deus nem sempre é uma força que desato os nós, livra os embaraços, torna mais leve o peso da vida ou eleva as pessoas acima das misérias existenciais e cotidianas. Com freqüência, Deus é uma carga pesada, muito pesada. E muitos não se atrevem nem a jogar fora esse fardo.
            Quero poder colaborar para libertar as pessoas desse "Deus" opressor. Gostaria de ajudá-las a descobrirem que essas "imagens de Deus"  não são o Deus de Jesus, mas sua negação. É preciso mudar nossas imagens de Deus. Precisamos distinguir continuamente entre o que é nossa idéia e representação de Deus e o que é Deus. Freqüentemente não o fazemos nem somos ajudados a fazê-lo na igreja. Nós que falamos de Deus - e alguma vez quase todos o fazemos -, com freqüência falamos com pouco respeito ou com distância entre o que são nossas palavras e imagens de Deus e o que é o mistério de Deus. Ninguém nunca viu Deus..(Jo-1:18), mas nos comportamos como se tivéssemos tomado café com ele.
            Deveríamos recordar continuamente o aviso de Karl Barth, um dos maiores teólogos do século XX, nos deixava a respeito de seu discurso sobre Deus: não esqueçais que isso é dito por um homem de Deus. Sempre falamos, homens e mulheres, seres humanos, em linguagem humana, com os condicionamentos humanos. Com freqüência esquecemos isso.
            O pior é que algumas das afirmações e representações feitas com certa leviandade sobre Deus, dentro da igreja, se tornam verdades intocáveis. Não guardam a devida distância em relação ao mistério. Não sabem nem avisam que são homens, por mais importantes que sejam, santos e inteligentes que sejam, que falam do mistério de Deus. Na melhor das hipóteses, deveríamos colocar um aviso generalizado em todas as igrejas evangélicas, paróquias, salas de conferência, catequeses e seminários e intelectuais do mundo: "Lembrem: aqui quem fala de Deus são seres humanos, homens e mulheres". Certamente ajudaríamos, um pouco pelo menos, não confundir Deus com nosso discurso e representações sobre ele.



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