DEUS X RELIGIÃO
Por
Mario Marcos
Desde
a infância luto incessantemente com minhas dúvidas a respeito da existência ou
não de Deus. E nesta busca para responder a essa pergunta, encontrei
respostas muito pessoais e cada um deve tirar a sua própria conclusão, mas
neste estudo nada cientifico, outra questão me incomodou. O fato de existirem
tantas religiões e diferentes credos, até mesmo divisões dentro delas, e o
mundo continuar a ser tão carente de paz e amor, me fez questionar a
necessidade de termos essas religiões. A conclusão que cheguei é que em
verdade, elas são o câncer da sociedade, alimentando rivalidades, guerras,
desunião, instigando os fiéis a lutar por mais afiliações a esta ou aquela
religião; sempre com o mote da evangelização.
Desde
muito pequeno, fui e sou muito questionador e critico, e simplesmente não me
satisfaz apenas ouvir e aceitar o que dizem, sempre há um por que a ser
respondido, sempre haverá uma pergunta a ser feita. Assim me pergunto por que o
Padre ou Pastor ou Rabino, ou qualquer outro líder espiritual pode me dizer o
que fazer da minha vida, será que Deus tem ouvidos apenas para esses
iluminados? Têm-se um só Deus, porque a mensagem é diferente para
Cristãos, Judeus e Muçulmanos? A conclusão parece óbvia. As
mensagens que eles transmitem são mensagens deles e não de Deus, daí tanta
divergência. Descobri que devemos buscar nossas próprias respostas, perguntar
diretamente a Deus que reside em seu coração e é único, onipresente, onisciente
em você irmão. Não há necessidade de rituais, de regras, de orações
decoradas, apenas diga com a voz do coração, e a resposta será imediata,
personalizada e única. Não me chame de herege, mas perdi a fé.
Perdi
a fé em um Deus que só realiza “o milagre” se eu tiver fé, perdi a fé em um
Deus que só ouve “os escolhidos”, perdi a fé em um Deus que a qualquer deslize
meu quer me fulminar, perdi a fé em um Deus que faz acepção de pessoas, ou não
pregamos: “Então vereis outra vez a diferença entre o que serve a Deus e o que
não serve”? Esta diferença está no meu agir não no tanto que serei beneficiado.
Desculpem-me pelo desabafo, mas ganhei uma nova fé, fé em um Deus que celebra a
vida, que me ama e que independe do que eu faça para me amar.
Em
minha experiência cristã, deparei-me com uma triste constatação:nem sempre Deus
é um elemento relevante, impulsionador e libertador da pessoa. Ao contrário, ao
redor de sua imagem se acumulam medos, terrores e cargas morais, repressões ou
reduções vitais. Não, Deus nem sempre é uma força que desato os nós, livra os
embaraços, torna mais leve o peso da vida ou eleva as pessoas acima das
misérias existenciais e cotidianas. Com freqüência, Deus é uma carga pesada,
muito pesada. E muitos não se atrevem nem a jogar fora esse fardo.
Quero
poder colaborar para libertar as pessoas desse "Deus" opressor.
Gostaria de ajudá-las a descobrirem que essas "imagens de Deus" não são o Deus de Jesus, mas sua negação. É
preciso mudar nossas imagens de Deus. Precisamos distinguir continuamente entre
o que é nossa idéia e representação de Deus e o que é Deus. Freqüentemente não
o fazemos nem somos ajudados a fazê-lo na igreja. Nós que falamos de Deus - e
alguma vez quase todos o fazemos -, com freqüência falamos com pouco respeito
ou com distância entre o que são nossas palavras e imagens de Deus e o que é o
mistério de Deus. Ninguém nunca viu Deus..(Jo-1:18), mas nos comportamos como
se tivéssemos tomado café com ele.
Deveríamos
recordar continuamente o aviso de Karl Barth, um dos maiores teólogos do século
XX, nos deixava a respeito de seu discurso sobre Deus: não esqueçais que isso é
dito por um homem de Deus. Sempre falamos, homens e mulheres, seres humanos, em
linguagem humana, com os condicionamentos humanos. Com freqüência esquecemos
isso.
O
pior é que algumas das afirmações e representações feitas com certa leviandade
sobre Deus, dentro da igreja, se tornam verdades intocáveis. Não guardam a
devida distância em relação ao mistério. Não sabem nem avisam que são homens,
por mais importantes que sejam, santos e inteligentes que sejam, que falam do
mistério de Deus. Na melhor das hipóteses, deveríamos colocar um aviso
generalizado em todas as igrejas evangélicas, paróquias, salas de conferência,
catequeses e seminários e intelectuais do mundo: "Lembrem: aqui quem fala de
Deus são seres humanos, homens e mulheres". Certamente
ajudaríamos, um pouco pelo menos, não confundir Deus com nosso discurso e
representações sobre ele.
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